Caminho de Santiago de Compostela

Estou andando, no atual momento de minha vida, pelo caminho de Santiago de Compostela. É uma fase de auto-reflexão, na qual tento aprender com os meus erros para me tornar uma pessoa melhor. Ontem estava comendo um lanche perto do shopping da Gávea (Mais precisamente na lanchonete Sport Sucos) quando avistei um menino de rua pedindo dinheiro para as pessoas em minha volta. Pensei na hora: “O próximo serei eu!”. Não deu outra, dois “Nãos” depois e ele estava falando comigo:

Pivete: “Tio me da um dinheiro para comer! To com fome!”

Normalmente nesta hora eu falaria sem titubear:

Eu: “Sai daqui moleque! Tenho dinheiro não! Vaza!”

Porém, como falei antes, estou tentando ser alguém melhor. Pensei na hora coisas como: “Na verdade ele não é um pivete, é vítima da falta de políticas sociais do governo e do capitalismo selvagem que gera essa má distribuição de renda”. Então, com a maior boa vontade (Juro que era boa vontade mesmo) falei:

Eu: “Dinheiro não te dou não, mas vou fazer melhor, vou deixar você escolher qualquer sanduíche e um suco para comer agora”.

MarginalizadoPelaSociedade( Ex Pivete): “Não tio, eu comi agora! Eu quero o dinheiro para poder juntar e comer depois quando tiver com fome”

Na hora saquei qual era a dele. Ele queria na verdade era dar o dinheiro para a mãe dele, que estava de longe olhando. Tenho raiva das pessoas que exploram os filhos deste jeito, e não ia ser conivente com isso.

Eu: “Desculpa, mas dinheiro não dou não”

MarginalizadoPelaSociedade( Ex Pivete): “Pô tio, vc tem maior cara que tem grana! Libera um dinheiro pra eu!(SIC)”

Eu: “Não amigo, não dá mesmo”

MarginalizadoPelaSociedade( Ex Pivete): “Pão duro! Depois é assaltado e não sabe o porque!”

Eu ( para o Pivete [ex MarginalizadoPelaSociedade] ): “Sai daqui moleque! Tenho dinheiro não! Vaza!”

É, não foi desta vez...